Polícia, grevistas, atingidos pelo trânsito e autoridades, todos no 21 de Abril

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Por Tino Ansaloni Publicado em 25/04/2012, 21:05 - Atualizado em 03/05/2012, 14:12
A data de 21 de Abril em Ouro Preto é sempre considerada, tanto pelas autoridades quanto para pessoas de alguma forma inconformadas por quaisquer questões vinculadas à política ou à ação dos políticos das três esferas, perfeita para manifestações. No evento de 2012, não poderia ser diferente, mesmo com o cerimonial sendo trocado para o horário noturno. Entre todas as manifestações ocorridas, duas merecem especial atenção: a dos optometristas, que praticavam greve de fome na Praça Tiradentes e a dos moradores do distrito de Cachoeira do Campo e de outras localidades, incluindo a própria sede, insatisfeitos com a estatística de mortes nas rodovias que cortam aquele distrito e outras regiões perigosas para o pedestre em toda a cidade. Na manhã de 21 de Abril, a polícia militar precisou de mediação e de acordo com os grevistas da Praça Tiradentes para a transposição dos mesmos para outro local, precisamente no adro da Igreja das Mercês de Cima e na entrada da Rua Nova, ambas ao lado do antigo prédio da Escola de Minas. Estes praticavam greve de fome. Enquanto isso, em Cachoeira do Campo, um grupo formado por moradores daquele distrito e da sede, no qual se incluíam algumas autoridades entre vereadores, ex-vereadores, pré-candidatos a prefeito e à vereança, com apoio policial, começou o seu protesto contra mortes naquela rodovia, que também cruza outros distritos e mesmo a cidade de Ouro Preto. O grupo era liderado por Whelton, o Leleco, irmão de uma das vítimas do atropelamento ocorrido próximo ao estabelecimento conhecido como “Portal de Ouro Preto”, no dia 08 de abril e outros amigos e parentes do casal atropelado. Veja como aconteceu o atropelamento do dia 08 de abril O grito de guerra do grupo era um apelo para que se mate menos nas rodovias: “rodovias para a vida, não para a morte!”. Em intervalos próximos de vinte minutos, pessoas se deitavam na rodovia e rezavam pelas vítimas do trânsito local e de outros trechos considerados assassinos. Veja a manifestação do dia 09 de abril Em determinado momento, houve diálogo entre a polícia e os manifestantes uma vez que o direito constitucional de ir e vir era ferido, já que o grupo ultrapassava o limite de tempo permitido pelas autoridades policiais e o engarrafamento se tornava cada vez maior. Em meio a este engarrafamento se encontravam tropas da polícia, agraciados que receberiam medalhas e muitas outras autoridades que se conduziam para a cerimônia de 21 de Abril em Ouro Preto, além de pessoas que precisavam, por vários motivos, transitar. Diante da relutância do movimento em liberar uma das pistas e temendo que houvesse conflitos entre motoristas que necessitavam circular pela via e manifestantes, policiais militares e cães do canil da PMMG tomaram conta do cenário. Para se evitarem tragédias, após conversa mediada pela Tenente-Coronel PM Cláudia Romualdo, uma equipe composta de quatro manifestantes foi convidada para se reunir com o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, e com o chefe do Gabinete Militar do Governador de Minas, Coronel Luiz Carlos Dias Martins, que prometeram entregar ao Governador de Minas Gerais a pauta de reivindicações. Leia o texto “Educação para não matar e não morrer” de Elisabeth Camilo A equipe era composta pelo próprio Leleco, pelo vereador Flávio Andrade, pela irmã Gisélia Rodrigues de Souza – diretora da Obra Social Nossa Senhora Auxiliadora, da qual crianças atravessam a via diariamente para chegar ou dela saírem e por José Augusto da Conceição, o Guto, do “Movimento O Dom Bosco é Nosso”. Só após o acordo ter sido feito, os manifestantes liberaram a Avenida Pedro Aleixo. Leia sobre o uso da Tribuna da Câmara de Ouro Preto pelos irmãos das vítimas do dia 08 de abril O movimento foi vitorioso já que, durante seu discurso, na cerimônia noturna de 21 de abril, o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, inseriu na sua fala a pauta de reivindicações e a entregou ao Governador do Estado. O mesmo foi feito com relação aos grevistas contra o Ato Médico, que decidiram parar de se alimentar para que a mídia e o governo lhes dessem a atenção necessária. Conversamos com Leleco logo após a audiência dos representantes dos manifestantes com o poder público. Ele disse: “as autoridades prometeram dar uma resposta sobre um prazo para o início das obras de construção de passarelas e quebra-molas dentro de vinte dias, a partir do dia 21. Caso isso não ocorra, novas intervenções serão feitas, agora, próximas à Cooperouro, no bairro Nossa Senhora do Carmo, Pocinho e em outros sete pontos, incluindo o bairro do Taquaral, na saída para a cidade de Mariana”. Ele não crê que as autoridades cumpram o prometido, mas agora, ainda segundo Leleco, é preciso esperar. Na data, também se intensificou o Movimento das Pessoas Atingidas pelo Trânsito em Ouro Preto, que incluem vítimas e parentes de vítimas. Elisabeth Camilo

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